quarta-feira, 24 de maio de 2017

Repostas Honestas para Perguntas Honestas



"O cristianismo é verdade, verdade contada por Deus; e se é verdade, ela pode responder perguntas."

Verdade para cada aspecto da vida

Não há dicotomia na Bíblia entre os aspectos intelectual e cultural, de um lado, e espiritual, do outro. Muitas vezes, no entanto, há forte ênfase platônica no evangelicalismo, uma forte tendência a dividir o homem em duas partes -- a natureza espiritual e tudo o mais. Devemos pegar essa concepção como um pedaço de barro cozido, quebra-lo em nossas mãos, e jogar fora. Devemos rejeitar de modo consciente o elemento platônico adicionado ao cristianismo. Deus fez o homem todo; o homem todo é redimido em Cristo. E após nos tornarmos cristãos, o senhorio de Cristo se estende sobre o homem todo. Isso inclui os assim chamados aspectos espirituais e intelectuais, criativos e culturais; incluindo-se a lei, a sociologia e psicologia; inclui cada parte e porção do homem e do seu ser.
A Bíblia não sugere a existência de algo distintamente espiritual no homem, e que o restante do homem não tem relação com os mandamentos e as normas de Deus. Não há nada na Bíblia que diga: "Esqueça o intelectual, esqueça o cultural. Seguiremos a Bíblia na esfera espiritual, mas colocaremos o intelectual e criativo de lado. Eles não são importantes".
Se o cristianismo é a verdade como a Bíblia alega, ele deve tocar cada aspecto da vida. Se eu desenho uma torta e essa torta abrange a totalidade da vida, o cristianismo tocará cada fatia da torta. Em cada esfera da nossa vida, Cristo será nosso Senhor e a Bíblia será nossa norma. Ficaremos sob a Escritura. Não é o caso do "espiritual" estar sob a Escritura enquanto o intelectual e criativo se encontram livres dela.
Considere o ministério de Paulo. Ele foi até os judeus, e o que aconteceu quando falou com eles? Eles lhe fizeram perguntas, e Paulo as respondeu. Ele foi aos gentios (não judeus), eles fizeram perguntas, e Paulo as respondeu. Ele foi à praça, e ali seu ministério foi um ministério de debate, de dar respostas honestas a perguntas honestas. Paulo foi ao Areópago, e deu respostas honestas a perguntas honestas. Há três passagens na Bíblia em que Paulo conversou com o homem sem a Bíblia (isto é, os gentios) sem a presença do homem com a Bíblia (os judeus). A primeira foi em Listra, e a discussão foi interrompida. Em seguida, nós o encontramos no Areópago, onde lhe fizeram perguntas, e Paulo as respondeu; ela também foi abreviada. Mas em um só lugar, felizmente, sua palavra não foi interrompida: nos dois primeiros capítulos do livro de Romanos. E lá se encontra o mesmo tipo exato de "argumentação" iniciada em Listra e no Areópago.
Muitos cristãos pensam que 1 Coríntios se posiciona contra o uso do intelecto, mas isso não acontece. O texto de 1 Coríntios fala contra a pretensa autonomia, que extrai a sabedoria do próprio conhecimento se recorrer à revelação da Palavra de Deus. Devemos nos opor de todo o coração ao intelectualismo humanista e racionalista -- a sabedoria gerada no próprio homem em oposição ao ensino da Escritura. Paulo era contra o gnosticismo incipiente -- que afirmava a possibilidade da salvação com base nesse conhecimento. Paulo respondeu perguntas. E dava respostas às perguntas onde quer que elas surgissem.
Considere o ministério do próprio Senhor Jesus. Como ele era? Não raro Jesus respondia perguntas. Evidentemente as perguntas eram diferentes das surgidas no mundo greco-romano; assim, o debate era de outro tipo. Mas no que concernia à sua prática, ele era o homem que respondia perguntas -- sim, Jesus Cristo, o Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade, nosso Salvador e Senhor. Mas alguém dirá: "Ele não disse que para se salvar é preciso ser como uma criancinha?". É claro que ele disse. No entanto, você conhece alguma criancinha que não faz perguntas? As pessoas que se valem desse argumento talvez nunca tenha ouvido uma criancinha ou sido uma! Meus quatro filhos me deixavam mais em apuros com seu fluxo intermináveis de perguntas que o mundo universitário. Jesus não quis dizer que ser como uma criancinha significasse apenas dar um salto de fé em direção ao andar superior. Jesus estava dizendo que, ao receber a reposta adequada, a criancinha a aceita. Ela conta com a simplicidade de não ter uma rede embutida com a qual, de modo independente da validade da resposta, a rejeita. E é isso que faz o homem racionalista, o homem humanista.

Respondendo as Questões da Nossa Geração

O cristianismo exige que tenhamos compaixão suficiente para aprendermos as questões da nossa geração. O problema com muitos de nós é o desejo da capacidade de responder a essas perguntas de imediato; seria como pegar um funil e coloca-lo na orelha, despejar os fatos, e, em seguida, sair, regurgita-los e vencer todas as discussões. Isso é impossível. Responder perguntas é um trabalho árduo. É possível responder a todas as perguntas? Não, mas é preciso tentar. Comece a ouvir com compaixão. Procure conhecer as perguntas reais do homem e tente responder a elas. E se você não souber a resposta, tente ir a algum lugar, ou leia e estude para encontrar a resposta.
Nem todos são chamados para responder perguntas de intelectuais, mas quando se vai ao trabalhador de estaleiro a tarefa é similar. Meu segundo pastorado foi com trabalhadores de estaleiro, e digo-lhe que eles têm as mesmas perguntas que os homens da universidade. Eles apenas não as articulam da mesma maneira.
Respostas não são a salvação. A salvação é se curvar e aceitar Deus como Criador e Cristo como Salvador. Preciso me curvar duas vezes para me tornar cristão. Devo me curvar e reconhecer que não sou autônomo; sou uma criatura formada pelo Criador. E devo me curvar e reconhecer que sou um pecador culpado que precisa da obra consumada de Cristo para minha salvação. E aí deve ocorrer a obra do Espírito Santo. No entanto, estou falando sobre a responsabilidade de ter compaixão suficiente para orar e fazer o trabalho duro e necessário a fim de dar respostas às perguntas honestas. Claro que não devemos estudar só as questões culturais e intelectuais. Devemos estuda-las e a Bíblia, e pedir a ajuda do Espírito Santo nas duas tarefas.
Não é verdade que toda pergunta intelectual é um sofisma moral. Há questões intelectuais honestas, e alguém deve ser capaz de responde-las. Talvez nem todos os membros de sua igreja ou do grupo de jovens sejam capazes de responde-las, mas a igreja deveria treinar homens e mulheres que possam. Nossos seminários teológicos devem se comprometer com isso também. Isso faz parte da educação cristã.
(Trecho do livro de Francis A. Schaeffer - 25 Estudos Bíblicos Básicos)

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